Se eu te perguntasse: “Você deseja ter o controle da sua vida?”
Sua resposta possivelmente é “Sim”. Todos nós queremos que nossas vidas estejam nos trilhos, não é verdade?
Isso é um problema? Na verdade não, afinal, estar no controle da própria vida significa evitar o máximo de problemas possíveis.
Embora seja ótimo ter controle da própria vida, existe um perigo “escondido” nisso. Nessa busca por controle, o excesso de confiança pode acabar nos engolindo e causando ilusão de controle. E essa ilusão pode impactar várias áreas da vida.
Quando o assunto é investimento, quem nunca ouviu a famosa frase: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura?
Embora esta seja uma informação padrão no mercado financeiro, é comum que os investidores tenham escolhas pautadas em resultados conquistados no passado, sobretudo quando estes resultados foram acima da média.
Contudo, mesmo que pareçam inofensivas, decisões como essas podem ser perigosas.
Com esse comportamento, os investidores sentem-se mais encorajados a tomarem algumas decisões irracionais, que podem dificultar ou até mesmo comprometer o desempenho de sua carteira de investimentos.
Normalmente esse atalho mental faz com que eles tenham uma maior exposição ao risco, por acreditarem ter mais controle sobre o mercado do que realmente possuem, o que resulta em grandes frustrações quando o retorno não corresponde ao esperado.
Afinal, uma estratégia que se mostrou vencedora em determinado cenário pode não ter o mesmo desempenho em outro. Porém, é comum encontrarmos investidores que acreditam podem prever e controlar o inesperado.
Isso acontece por conta de uma armadilha mental que nos induz a cometer erros inconscientemente.
Essa armadilha consiste em acreditar na própria capacidade de afetar eventos futuros, ainda que não tenha nenhum controle sobre eles. Alguns pesquisadores afirmam que esse viés pode ter origem nas necessidades humanas de conforto, segurança, proteção da autoestima e bem-estar emocional.
A ilusão de controle se relaciona com vários outros vieses, como o otimismo exagerado, a autoconfiança excessiva e o viés de confirmação.
Um exemplo prático é quando a pessoa costuma dirigir embriagada e não sofre qualquer revés decorrente disso. Quanto mais ela incorre nesse tipo de ação – que as estatísticas afirmam ser extremamente arriscada – e sai ilesa, mais começa a crer que tem mais sorte do que os outros, que dirige melhor, que é menos suscetível aos efeitos do álcool, que tem reflexos mais apurados etc.
Do ponto de vista do consumo, o viés motiva a pessoa a ignorar as precauções usuais, como pesquisar sobre a empresa e o produto, comparar preços, negociar descontos, exigir garantias e fazer seguros, entre outras. É importante frisar que, como a pessoa geralmente não tem consciência de seu comportamento, é difícil convencê-la das possíveis
implicações financeiras.
O que fazer para me proteger desse viés?
• É preciso entender que não temos o total controle sobre todas as variáveis, isso nos deixa em uma posição de maior humildade;
• Ouça opiniões externas de pessoas confiáveis que entendam sobre o assunto, principalmente as contrárias, e compare-as honestamente com as suas;
• Evite tomar alguma decisão em momentos de fragilidade emocional, pois a necessidade de segurança emocional e proteção da autoestima podem influenciar suas escolhas;
• Assuma uma posição de eterno aprendiz, pois assim, você estará sempre pesquisando e buscando conhecimento para melhorar seu processo de tomada de decisão;
• Seja seletivo com as informações. Preze pela qualidade e não somente pela quantidade. O excesso de informação pode trazer a ilusão de que é possível prever ou controlar o que está por vir.